Imagem, Som e agora Letra
- Camila Favali
- 13 de abr. de 2015
- 4 min de leitura
A ideia de ter esse espaço para expor as minhas reflexões sobre a minha vida versus o mundo, foi motivada pelo fato de que as palavras tem um impacto muito grande ao contar a nossa história. Muito dos registros que temos hoje da história da humanidade vem da escrita. É claro que a arte também tem um papel muito importante nisso, mas desse fato eu já sabia e me relacionava há muito tempo, pois sempre fui apaixonada por arte e mantive a minha atenção mais focada nisso. As artes visuais e moda me ensinavam com mais clareza a respeito da história do que a escrita. Também o que funciona ainda hoje para mim é o áudio, além do visual. Por isso amo filmes. Se pudesse assistiria pelo menos um por dia. Aprendo muito com eles! Outro exemplo disso foi na minha infância, durante as aulas do ensino fundamental, principalmente nas de história, geografia e literatura. O que mais prendia a minha atenção era a professora falando, contando e explicando o assunto. Além das imagens, a fala da professora me prendia muito, sendo quase que o suficiente para que eu aprendesse.
Ainda me lembro muito bem das aulas de história sobre o feudalismo enquanto cursava o sexto ano do ensino fundamental. Não me lembro do nome da professora, mas me lembro muito bem do seu rosto, da sua roupa e da forma como explicava o funcionamento daquele sistema econômico do período da Idade Média na Europa. Ela fazia da aula quase que uma peça de teatro, encenando os fatos daquela época. Lembro-me bem de uma aula enquanto explicava, puxou a cadeira invertida, sentou-se de frente para nós apoiand-se no encosto e começou a contar como era complicada a vida daqueles camponeses. Eles plantavam a laranja na terra dos senhores feudal e como pagamento davam parte da colheita para eles, porém, o que davam para esses senhores nunca era suficiente para pagar a sua divida por habitação e alimentação, e então eles entravam em um ciclo vicioso de trabalho e pagamento de divida, trabalho e pagamento de divida, enfim..., bem parecido com o que acontece hoje não? Com os bolivianos que trabalham na indústria clandestina da moda? Sim, mas não só. Parece também com a vida de muitos de nós, não é mesmo?
Recentemente fui para Europa em uma viagem turística e pude conhecer algumas das milenares cidades de lá. Fui a Salzburg, na Áustria. Confesso que jamais havia ouvido falar na cidade, mesmo tendo sido cenário, há 50 anos atrás, para o conhecido filme A Noviça Rebelde. Como a minha cunhada que morava próximo da cidade, em Munique na Alemanha, já havia estado lá, então fomos conhecer, segundo a indicação dela.
(FOTO:CAMIA FAVALI)
Com um frio invernal e direito a muita neve, logo que cheguei à cidade avistei a antiga muralha do burgo, com o castelo e a fortaleza do castelo bem lá no alto de um morro. Imediatamente me lembrei das aulas daquela professora quando tinha os meus doze anos. Fiquei extasiada ao andar por aquelas ruas onde os princípes e princesas, reis e rainhas, a corte e alguns plebeus, andava há séculos atrás. Andar pelas ruas estreitas e curvas onde Mozat andou. Sim, é a cidade natal dele. Incrível! Também me lembrei dos episódios do programa Contos de Fadas que assistia quando criança na TV Cultura, e é claro do desenho mais amado pelas crianças atualmente, Frozen, da Walt Disney.
(FOTOS:CAMIA FAVALI)
Quantas memórias, quanto conhecimento! Agora tudo fazia sentido e aulas daquela professora estavam cada vez mais claras para mim. Imagem, som e agora letra. Como não falar dessa experiência! Contei para muita gente as sensações que tive lá em tantos outros lugares dessa viagem. Mais como contar mais, e mais, e mais??? Como compartilhar todos esses sentimentos que fazem tanto sentido agora? Imagem? Sim. Mas não só, texto também. Apesar de saber que não escrevo muito bem e que tenho muitos vícios de linguagem, decidi me arriscar e escrever. Também não gosto muito do ponto em me exponho e posso ser critica por isso. Sinceramente, é um ponto ruim, mas que já estou superando, afinal vale a pena. E tenho certeza que quando me deu esse caderninho aqui a minha irmã, Lívia, pensou nisso também. Compartilhar experiências. Pode ser que só comigo mesma, caso você não consiga chegar até aqui, afinal é um texto um pouco grande para os dias de hoje, porém, mesmo que seja somente comigo, escrever em um caderninho como esse, meu diário de bordo, ou o meu blog, não me deixarão esquecer-me dos detalhes dessa viagem tão incrível que fiz para Europa junto com o meu querido esposo. E também da minha viagem no tempo que me permitiu vivenciar momentos tão prazerosos da minha infância, ainda que seja em uma escola. Gostava muito daquela escola!
Quem muito me inspirou também a dedicar o meu corrido tempo a esse diário, mesmo que não tenha consciência disso, foi Anne Frank, a fabulosa heroína de guerra, que lutou pela sua vida dentro de seu esconderijo familiar em Amsterdã . Foi vendo a exposição sobre a sua vida, o seu diário e o relato de inúmeros sobreviventes da Segunda Guerra Mundial - no Senac São José dos Campos, em março desse ano - logo que havia voltado da Alemanhã, onde também fui impactada pelos cenários da guerra, que decidi escrever. Claro que com as minhas histórias não tenho a pretensão de chegar ao reconhecimento de Anne Frank. Apenas, assim como ela, quero dar o meu ponto de vista sobre o mundo hoje. Quero marcar a história com as minhas palavras assim como tantos marcaram, ainda que seja apenas a sua história.
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