A minha relação com os filmes
- Camila Favali
- 20 de abr. de 2015
- 6 min de leitura

Ontem assisti ao filme baseado no diário de Anne Frank. O diário escrito por ela virou livro, e depois um filme. Fui motivada a assistir o filme depois que visitei a exposição sobre a vida dela e a guerra, no Senac, como citei no post passado. Mais ainda agora estou motivada a ler o livro também, devido ao tamanho envolvimento que tive com a história. Aliás temas assim me chamam muito a atenção. O filme e o livro são chamados de "O Diário de Anne Frank", e contam como era a rotina da adolescente no tempo em que esteve escondida no anexo do escritório do pai em Amsterdã, na Holanda, durante a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945), entre os anos de 1942 e 1944. O diário escrito por ela e publicado por seu pai Otto Frank - o único sobrevivente dentre os oito judeus que estiveram escondidos no anexo - tornou-se uma referência muito intimista do holocausto. No diário, Anne descreve os seus próprios sentimentos e questionamentos em relação a guerra, as relações humanas no âmbito familiar, histórica, cultural e social.
Já havia ouvido falar muito bem do diário, mas nunca tinha dado a real atenção que ele merecia. Assisti a um filme bem interessante há algum tempo atrás, e por sinal também entra na minha lista de melhores filmes, "Escritores da Liberdade", já ouviu falar?

É um filme também baseado em fatos reais e conta a história de uma professora que luta de forma inspiradora para trazer aos seus rebeldes alunos de uma escola em um bairro violento dos Estados Unidos, uma visão mais compreensiva e pacífica da sociedade que estão inseridos e de suas vidas conturbadas. Ela usa a história de Anne e o seu diário para sensibilizá-los e inspirá-los. Ela traz sentido a vida deles. É uma história comovente e inspiradora assim como a história de Anne.
Muitos filmes assim como esse me inspiram e sempre tenho a tendência a escolher filmes baseados em fatos reais, e normalmente do gênero drama. Como citei acima, filmes baseados no período da Segunda Guerra Mundial são uns dos que mais gosto. Dentre eles estão o clássico "A Lista de Schindler", "A vida é Bela", "O Menino do Pijama Listrado", "O Coração Corajoso de Irena Sendler", e de todos o que mais me tocou, "O Pianista".

Gosto desses filmes porque me fazem refletir e pensar muito sobre a complexidade do ser humano e suas relações. O paradoxo dessas relações como a força e a fragilidade, os extremos dos sentimentos como o amor e o ódio, a doação e egoísmos, a coragem e o medo. Tudo isso me faz ter um panorama das nossas transformações ao longo da história, de como atitudes antes eram aceitáveis e hoje não são mais, e vice-versa. Como alguém poderia ser considerado totalmente desprezível, ser tratado como rato, como mosca - não que esses sejam desprezíveis do ponto de vista ambiental? Como matar direta ou indiretamente cerca de 6 milhões de pessoas e ainda considerar ser bom para o mundo e o seu futuro promissor? Gosto de pensar em absurdos assim e depois me perguntar: Será que hoje faço coisas semelhantes e não percebo? Será que penso como alguns alemães daquele período? E o que para a época era considerado normal para alguns hoje é considerado um genocídio? Então será que ajo e penso como alguns deles? Gosto de me sentir desafiada a buscar essas respostas nos meus relacionamentos de hoje. Quem tenho tratado como "ratos e moscas" hoje? A quem tenho desprezado? A quem tenho deixado de amar?
Assim como os filmes sobre o o nazismo e a guerra me fazem pensar sobre essas questões, os filmes sobre o racismo e conflitos sociais também, como: "O Caçador de Pipas", "Diamante de Sangue", "Hotel Ruanda", "O Mordomo da Casa Branca", "Histórias Cruzadas", 12 anos de Escravidão", entre outros. Todos me fazem ir além e refletir sobre o meu próprio comportamento em relação à sociedade.

Dentre eles o que me fez não dormir a noite foi o filme "12 Anos de Escravidão". Não conseguia parar de pensar na cena em que o dono de uma das fazendas onde o protagonista trabalhou como escravo reunia aos domingos os escravos e os colocava sentados com roupa de "escola dominical" em bancos como aos das igreja amáveis e aconchegantes, e lia a Bíblia para eles como se estivesse trazendo à eles a maior ajuda, beneficio e alegria da semana. Seria perfeito se de fato fosse assim, porém esse mesmo fazendeiro, de segunda a sábado, estuprava, espancava, e oprimia esses mesmos escravos. Aliás, pensar que os negros eram uma raça a parte e inferior aos brancos era comum e totalmente aceitável para aquela época. E pensei da mesma forma em relação ao nazismo. Será que se eu vivesse no século XIX e fosse uma cidadã comum como sou na sociedade de hoje, pensaria da mesma forma que os comuns cidadãos daquele período? Tenho medo dessa resposta. Amo a Deus de todo o meu coração, entendimento e vontade? Amo ao meu próximo como a mim mesma? O que diria Jesus sobre mim? Será que tenho atentido às expectativas dele? O pior é que esses fazendeiros deveriam se achar bons cristãos. Um pouco assutador!
Outros filmes que também valeram a pena terem sido vistos, foram alguns como "Into The Wild", "África dos Meus Sonhos", "Tropa de Elite", "Mentes Brilhantes", "O Aviador", "Gênio Indomável", "Apenas uma Chance", "Tempo de Despertar", "Regras da Vida", "O Homem sem Face", entre outros.

Em "Regras da Vida" realmente fiquei sem resposta para os questionamentos morais feito pelo filme, e em "O Homem sem Face" cheguei a uma profunda reflexão sobre a minha confiança em Deus. As personagens principais do filme estabelecem uma relação de amizade admirável, doadora, mas questionável para a época. Quando essa amizade é abalada por uma dúvida em relação à idoneidade de um deles, a confiança também é colocada à prova. O filme não deixa claro se um deles agiu com integridade em todo tempo, e "joga no nosso colo" essa conclusão, por isso pensei na minha relação com Deus. Não tenho provas concretas da existência Dele, mas tenho no nosso relacionamento diário evidências tão concretas que posso crer e confiar na sua existência. É uma questão de confiança apenas, de fé. Aliás, fé e sensibilidade, e beleza da natureza e do ser humano encontrei em um filme que muito me inspira, "O Som do Coração". É um filme belo cheio de esperança, fé, arte e amor. Sempre passo nas minhas aulas quando vou falar de sensibilidade artística e observação. Os alunos sempre terminam o filme chorando por causa da bela história do órfão que busca encontrar os seus pais, mas ainda assim consigo usar o gancho da forma natural e despretensiosa dele de ouvir o som e transformar em arte para falar da observação que gera conhecimento e criação artística. Para esse fim também indico o filme "Vermelho como o Céu" e "A Voz do Coração".
Como falei sempre tenho a tendência a escolher filmes do gênero drama e baseado em fatos reais. Mas é claro que às vezes estou mais para filmes leves como "Apenas um Dia", "Julie e Julia" (Amoooo!), "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain", "O Sorriso de Monalisa", "Maria Antonieta", "Marley e Eu", "Uma Professora Maluqinha", "Vida de Menina", "Comer, Rezar e Amar", e comédias românticas como "Simplesmente Complicado", "De Repente Trinta", "Meia Noite em Paris", "De Repente Amor", "Sob o Sol da Toscana" e "Cartas para Julieta" (Alguns desses filmes eu já devo ter assistido umas 4 vezes - né, André?).

"Cartas para Julieta" mesmo é filme muito agradável de assistir quando se quer mais leveza para o seu dia. O filme se passa no norte da Itália, principalmente em Verona, e com certeza foi o maior motivo de quando fomos para Veneza no inicio do ano, termos "dado uma esticadinha" até Verona. Fomos a Casa di Giulietta, assim como mostra no filme, inspirado na romântica história de Shakespeare. Infelizmente não tinha o grupo de mulheres escrevendo as cartas para as apaixonadas dando-lhes conselhos, mas sim muitos recadinhos na parede e uma linda sacada em uma casa típica da Idade Média. E nós, como todo casal apaixonado aproveitamos para tirar as nossas fotinhas e conhecer mais sobre essa cidade aconchegante e apaixonante chamada Verona.

Também baseada no filme "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" e "Meia noite em Paris", quando estivemos em Paris, fomos conhecer o histórico e charmoso bairro de Montmartre. Em uma de suas ladeiras fica o Cafe des 2 Moulins - próximo ao Moulin Rouge. O café foi cenário para o filme onde uma jovem parisiense se dispõe a tornar a vida das pessoas que conhece mais feliz. Tomamos um café da manhã e tiramos muitas fotos dentro do café depois de passear belo bairro. Inclusive tudo nesse bairro remete à algo da história. Por exemplo, como mostra no filme "Meia Noite em Paris", ali era um bairro boêmio onde os artistas se encontravam. Saber que Monet, Renoir e tantos outros passaram por ali, dá uma importância para esse bairro que também servia de inspiração para eles.

Mesmos os filmes muitas vezes "bobinhos" como os do gênero comédia romântica, sempre dá para se divertir e ainda tirar algo de valor. Para mim os filmes são uma forma fácil de aprender e transmitir conhecimento. Listei aqui apenas alguns filmes que me ajudam a refletir sobre várias questões da minha vida, também que me fazem sonhar, criar novos conceitos, enfim, transformam o meu ser. E para fechar a última dica de filme é "Os Intocáveis". Vai gostar! Aproveite o feriado e tenha uma overdose de conhecimento com divertimento.
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